quinta-feira, 2 de abril de 2015

Morre Cynthia Lennon, primeira esposa de John Lennon

John Lennon e Cynthia em 1964
Cynthia Lennon, ex-mulher de John Lennon, morreu nesta quarta-feira, aos 75 anos. Nascida Cynthia Powell, a inglesa deu à luz Julian, filho mais velho do ex-beatle, e enfrentava uma batalha contra o câncer. Julian estava ao seu lado em sua casa, em Maiorca, na Espanha (assista abaixo a um vídeo publicado por ele em homenagem à mãe, ao som da canção "Beautiful", de sua autoria).

A notícia foi dada por Julian em sua conta no Twitter. "A família está agradecida pelas orações. Por favor, respeitem sua privacidade neste momento difícil".

Cynthia e John se conheceram em uma aula de caligrafia, ainda no fim dos anos 1950, na faculdade. Os dois ficaram juntos até 1968, quando o músico a deixou para se casar com Yoko Ono. Cynthia publicou duas biografias contando sua vida ao lado de John, desde antes da fama, até o seu auge como um dos líderes dos Beatles. No livro "John", lançado no Brasil em 2009, ela forneceu impressões do jovem Lennon marcado pela morte precoce da mãe (quando ele tinha 14 anos) e pela criação por uma tia durona, Mimi. Cynthia já tinha publicado um livro, "A twist of Lennon", em 1978, mas o classificava como "superficial".

Em sua biografia mais recente, Cynthia contou que sua família e amigos foram contra o relacionamento, no início: aquele rapaz metido a músico, que não dava atenção às aulas, não era para ela. Reação típica da classe média do interior da Inglaterra da época. Mas ela surpreendeu ao confessar que, se soubesse das consequências que a paixão por Lennon acarretaria, teria "dado meia-volta e me afastado dele para sempre".
Cynthia Lennon posa com cópias da autobiografia "John"
A vida ao lado de John Lennon foi uma montanha-russa do começo ao fim, por motivos diversos: após superar a pequena diferença social — nem a mãe de Cynthia nem a tia de John aprovavam o namoro —, veio a falta de dinheiro. Como ninguém tinha casa, o sexo era feito nas dunas da praia de New Brighton ou em um apartamento emprestado por um amigo.

Quando a antiga banda de Lennon, os Quarrymen, começou a se transformar nos Beatles (ainda com Pete Best na bateria), Cynthia conheceu personagens como Paul McCartney e George Harrison. O último, segundo ela, era alvo de algum desprezo da dupla: "George era o garoto que os seguia. (...) Eles o toleravam porque ele era bom, mas o tratavam com ar de superioridade e com frequência o ignoravam quando estavam absorvidos em algo juntos".

A ascensão dos Beatles, segundo Cynthia, foi alegre, apesar da ralação a que os músicos eram submetidos. Cynthia contava que, antes de começar a trabalhar com o empresário Brian Epstein, que foi essencial em sua escalada rumo ao estrelato, os Beatles faziam brincadeiras no palco, dançavam, comiam e bebiam durante os shows, e frequentemente tocavam versões de 20 ou 30 minutos de suas músicas.

Os shows mais enxutos, os cabelos e os terninhos são, segundo Cynthia, obra de Epstein. O empresário, para quem ela costumava se rasgar em elogios, foi um grande amigo de Lennon, e ela rechaçava categoricamente as frequentes insinuações de uma relação homossexual entre os dois.
As duas mulheres e os dois filhos de John Lennon posaram juntos em 1989
Cynthia culpava as drogas pela derrocada do casamento com John. Segundo ela, não só ele tomava o ácido diariamente como levava dezenas de pessoas estranhas para drogar-se com ele na casa do casal, que já tinha, na época, o pequeno Julian. O temperamento estourado do músico também era frequentemente citado para justificar o deterioramento da relação.

No fim dos anos 1960, Yoko Ono já tinha entrado na vida de Lennon: certa vez, Cynthia dizia, chegou de viagem e encontrou os dois sentados no chão, vestindo roupões, olhando-se, numa espécie de ritual. Lennon tentou despistar, mas logo trocou a velha companheira pela nova, não sem antes pedir que um amigo, Alex, tentasse seduzir Cynthia, para que depois ele pudesse processá-la por adultério. Ele também ameaçou acusá-la de tê-lo traído com o italiano Roberto Bassanini (que depois, de fato, se casaria com ela), mas desistiu.

Assim como muitos fãs dos Beatles, Cynthia não aliviava a barra de Yoko. A culpa por ter se tornado um péssimo pai (para Julian) e ex-marido após o divórcio do casal era creditada à artista japonesa. Antes um homem doce e amoroso com a família, John teria passado a não fazer a menor questão de ver o filho (ele chegou a ficar três anos sem um único telefonema), além de deixar uma pensão ínfima.

Cynthia se casou outras três vezes e, além de Inglaterra e Espanha, morou na na Irlanda, no País de Gales e na França. Nas redes sociais, o músico Paul McCartney, baterista Ringo Starr e Yoko Ono prestaram homenagens a Cynthia:
 "Estou muito triste com a morte de Cynthia. Ela foi uma ótima pessoa e uma mãe maravilhosa para Julian. Ela tinha um forte entusiamos pela vida e eu sinto orgulho de como nós duas nos mantivemos firmes na família Beatles. Por favor, juntem-se a mim para mandar amor e apoio para Julian neste momento tão triste", escreveu Yoko em seu site.

 "Paz e amor para Julian Lennon, Deus abençoe Cynthia. Amor, Ringo e Barbara".
 "A notícia da morte de Cynthia é muito triste. Ela foi uma mulher adorável que eu conhecia desde a juventude em Liverpool. Ela foi uma boa mãe para Julian e todos sentiremos a falta dela, mas eu sempre terei ótimas lembranças do nosso tempo juntos", escreveu Paul em seu site.

Fonte: O Globo

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